terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Santa Maria, Mãe de Deus!




A maternalidade de Maria resplandece com tão virginal fulgor, que todas as virgens, diante dEla, são como se não o fossem. Somente Ela é a Imaculada, a Virgem entre as virgens, a única que perfuma e torna perfeita a castidade de todas.

Oito dias depois da Natividade, primeiro dia do ano novo, o calendário dos santos se abre com a festa de Maria Santíssima, no mistério de sua maternidade divina. Escolha acertada, porque de fato Ela é "a Virgem mãe, Filha de seu Filho, humilde e mais sublime que toda criatura, objeto fixado por um eterno desígnio de amor". Ela tem o direito de chamá-lo "Filho", e Ele, Deus onipotente, chama-a, com toda verdade, Mãe!

Foi a primeira festa mariana que apareceu na Igreja ocidental. Substituiu o costume pagão das dádivas e começou a ser celebrada em Roma, no século IV. Desde 1931 era no dia 11 de outubro, mas com a última revisão do calendário religioso passou à data atual, a mesma onde antes se comemorava a circuncisão de Jesus, oito dias após ter nascido.


Num certo sentido, todo o ano litúrgico segue as pegadas desta maternidade, começando pela solenidade da Anunciação, nove meses antes da Natividade. Maria concebeu por obra do Espírito Santo. Como todas as mães, trouxe no próprio seio aquele que só ela sabia que se tratava do Filho unigênito de Deus, que nasceu na noite de Belém.

Ela assumiu para si a missão confiada por Deus. Sabendo, por conhecer as profecias, que teria também seu próprio calvário, enquanto mãe daquele que seria sacrificado em nome da salvação da Humanidade. Deus se fez carne por meio de Maria. Ela é o ponto de união entre o Céu e a Terra. Contribuiu para a obtenção da plenitude dos tempos. Sem Maria, o Evangelho seria apenas ideologia, somente "racionalismo espiritualista", como registram alguns autores.

O próprio Jesus através do apóstolo São Lucas (6,43) nos esclarece: "Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto". Portanto, pelo fruto se conhece a árvore. Santa Isabel, quando recebeu a visita de Maria já coberta pelo Espírito Santo, exclamou:"Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre." (Lc1,42). O Fruto do ventre de Maria é o Filho de Deus Altíssimo, Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor. Quem aceita Jesus, fruto de Maria, aceita a árvore que é Maria. Maria é de Jesus e Jesus é de Maria. Ou se aceita Jesus e Maria ou se rejeita a ambos.

Por tomar esta verdade como dogma é que a Igreja reverencia, no primeiro dia do ano, a Mãe de Jesus. Que a contemplação deste mistério exerça em nós a confiança inabalável na Misericórdia de Deus, para nos levar ao caminho reto, com a certeza de seu auxílio, para abandonarmos os apegos e vaidades do mundo, e assimilarmos a vida de Jesus Cristo, que nos conduz à Vida Eterna. Assim, com esses objetivos entreguemos o novo ano à proteção de Maria Santíssima que, quando se tornou Mãe de Deus, fez-se também nossa Mãe, incumbiu-se de formar em nós a imagem de seu Divino Filho, desde que não oponhamos de nossa parte obstáculos à sua ação maternal.

A comemoração de Maria, neste dia, soma-se ao Dia Universal da Paz. Ninguém mais poderia encarnar os ideais de paz, amor e solidariedade do que ela, que foi o terreno onde Deus fecundou seu amor pelos filhos e de cujo ventre nasceu aquele que personificou a união ente os homens e o amor ao próximo, Nosso Senhor Jesus Cristo. Celebrar Maria é celebrar O nosso Salvador. Dia da Paz, dia de nossa Mãe, Maria Santíssima. Nos tempos sofridos em que vivemos, um dia de reflexão e esperança!

A predestinação de Maria: A Maternidade Divina

A predestinação com que a Santíssima Virgem foi eleita é especial, única entre todas, não somente pelo grau, mas pelo gênero. Se Maria é, na verdade, a primeira criatura predestinada com a mais perfeita imagem de seu Filho, é, além disso e a outro título, a única predestinada em qualidade de Mãe sua.

Para demonstrar a afirmação de que desde toda a eternidade Deus predestinou a Santíssima Virgem Maria para ser a Mãe do Verbo encarnado, o insigne dominicano Fr. Royo Marín evoca a pura voz da infabilidade pontifícia:

"Na Bula Ineffabilis Deus, com a que Pio IX definiu o dogma da Imaculada Conceição, leêm-se expressamente estas palavras: "Elegeu e assinalou (Deus), desde o princípio e antes dos tempos, para seu Unigênito uma Mãe, na qual Ele se encarnaria, e da qual, depois, na ditosa plenitude dos tempos, nasceria; e em tal grau A amou acima de todas as criaturas, que somente nEla se comprouve com singularíssima benevolência."

Nada sucede, nem pode suceder no tempo que não tenha sido previsto ou predestinado por Deus desde toda a eternidade. Logo, se a Virgem Maria é, de fato, a Mãe do Verbo encarnado, claro está que foi predestinada para isso desde toda a eternidade. É uma verdade tão límpida e evidente que não necessita demonstração alguma.

A maternidade divina de Maria

Todos os títulos e grandezas de Maria dependem do fato colossal de sua maternidade divina. Maria é imaculada, cheia de graça, Co-redentora da humanidade, Rainha dos Céus e da Terra e Medianeira universal de todas as graças, etc., porque é a Mãe de Deus. 

A maternidade divina A coloca a tal altura, tão acima de todas as criaturas que São Tomás de Aquino, tão sóbrio e discreto em suas apreciações, não hesita em qualificar sua dignidade como sendo de certo modo infinita. E seu grande comentarista, o Cardeal Caietano, diz que Maria, por sua maternidade divina, alcança os limites da divindade. Entre todas as criaturas, é Maria, sem dúvida alguma, a que tem maior afinidade com Deus.

Assim, no dizer de outro eminente mariólogo "o dogma mais importante da Virgem Maria é sua maternidade divina". É o primeiro alicerce sobre o qual se levanta o edifício da grandeza mariana. É este um fato que excede de tal modo a força cognoscitiva do homem que deve ser enumerado entre os maiores mistérios de nossa fé.

Que uma humilde mulher, descendente de Adão como nós, se torne Mãe de Deus, é um mistério tão sublime de elevação do homem e de condescendência divina, que deixa atônita qualquer inteligência, angélica ou humana, no séculos e na eternidade.

Maria, verdadeira Mãe de Deus

Para que uma mulher possa dizer-se verdadeiramente mãe, é necessário que subministre à sua prole, por via de geração, uma natureza semelhante (ou seja, consubstancial) à sua.

Suposta esta óbvia noção da maternidade, não é tão difícil compreender-se de que modo a Virgem Santíssima possa ser chamada verdadeira Mãe de Cristo, tendo Ela subministrado a Cristo, por via de geração, uma natureza semelhante à sua, ou seja, a natureza humana.

A dificuldade surge, porém, quando se procura compreender de que modo a Virgem Santíssima pode ser chamada verdadeira Mãe de Deus, pois não se vê bem, à primeira vista, de que modo Deus possa ser aqui gerado. 

Não obstante isso, se se observar atentamente, as duas fórmulas: Mãe de Cristo e Mãe de Deus, se equivalem, pois significam a mesma realidade e são, por isso, perfeitamente sinônimas. Nossa Senhora, com efeito, não é denominada Mãe de Deus no sentido de que houvesse gerado a Divindade (ou seja, a natureza divina do Verbo) e sim no sentido de que gerou, segundo a humanidade, a divina pessoa do verbo.

O sujeito da geração e da filiação não é a natureza, mas a pessoa. Ora, a divina pessoa do Verbo foi unida à natureza humana, subministrada pela Virgem Santíssima, desde o primeiro instante da concepção; de modo que a natureza humana de Cristo não esteve jamais terminada, nem mesmo por um instante, pela personalidade humana, mas sempre subsistiu, desde o primeiro momento de sua existência, na pessoa divina do Verbo. Este e não outro é o verdadeiro conceito da maternidade divina, tal como foi definida pelo Concílio de Éfeso, em 431.

Em suma, "Maria concebeu realmente e deu à luz segundo a carne à pessoa divina de Cristo (única pessoa que há nEle), e, por conseguinte, é e deve ser chamada com toda propriedade Mãe de Deus."

Não importa que Maria não haja concebido a natureza divina enquanto tal (tampouco as outras mães concebem a alma de seus filhos), já que essa natureza divina subsiste no Verbo eternamente e é, por conseguinte, anterior à existência de Maria. Ela, porém, concebeu uma pessoa - como todas as demais mães -, e como essa pessoa, Jesus, não era humana, mas divina, segue-se logicamente que Maria concebeu segundo a carne a pessoa divina de Cristo, e é, portanto, real e verdadeiramente Mãe de Deus.

O testemunho da Escritura

A Sagrada Escritura nos diz explicitamente que a Virgem Santíssima é verdadeira Mãe de Jesus (Mt, II, 1; Lc. II, 37-48; Jo. II, 1; At. I, 14). Com efeito, Jesus nos é apresentado como concebido pela Virgem (Lc. I, 31) e nascido da Virgem (Lc. II, 7-12). Mas, Jesus é verdadeiro Deus, como resulta do seu próprio e explícito testemunho, pela fé apostólica da Igreja, pelo testemunho de São João, etc. Para se poder negar sua divindade, não há outro caminho senão rasgar todas as páginas do Novo Testamento.

Ora, se Maria é verdadeira Mãe de Jesus e Jesus é verdadeiro Deus, segue-se necessariamente que Maria é verdadeira Mãe de Deus.

São Paulo ensina explicitamente que,"chegada a plenitude dos tempos, Deus mandou seu Filho, feito de uma mulher"(Gal. IV, 4). Por estas palavras, manifesta-se claramente que Aquele que foi gerado ab aeterno pelo Pai é o mesmo que foi, depois, gerado no tempo pela Mãe; mas Aquele que foi geradoab aeterno pelo Pai é Deus, o Verbo. Portanto, também o que foi gerado no tempo pela Mãe é Deus, o Verbo.

Ainda mais clara e explícita, em seu vigor sintético, é a expressão de Santa Isabel. Respondendo à saudação que Maria lhe dirigira. Santa Isabel, inspirada pelo Espírito Santo, disse, cheia de admiração: "E como me é dado que a Mãe de meu Senhor venha a mim?" (Lc I, 43).

A expressão meu Senhor é, evidentemente, sinônimo de Deus, pois que, em seguida, Isabel acrescenta: "Cumprir-se-ão em Ti todas as coisas que te foram ditas da parte do Senhor", ou seja, da parte de Deus. Isabel, portanto, inspirada pelo Espírito Santo, proclamou explicitamente que Maria é verdadeira Mãe de Deus.

A voz da tradição

Toda a tradição cristã, a partir dos tempos apóstolicos, é uma proclamação contínua desta verdade mariológica fundamental. Nos dois primeiros séculos, os Padres ensinaram que Maria concebeu e deu à luz a Deus. No terceiro século, começa o uso do termo que se tornou clássico: Theotokos, ou seja, Mãe de Deus.

No século IV, mesmo antes do Concílio de Éfeso, a expressão Mãe de Deus se tornara tão comum entre os cristãos, que dava nos nervos do Imperador Juliano, o Apóstata, o qual se lamentava de os cristãos não se cansarem nunca de chamar a Maria de Mãe de Deus. João de Antioquia aconselhava a seu amigo Nestório para não insistir demasiado em negar este título, a fim de evitar tumulto do povo. O próprio Alexandre de Hierápolis, cognominado de outro Nestório, reconhecia que a expressão Mãe de Deus estava em uso entre os cristãos desde muito tempo.

A exultação mesma que os fiéis demonstraram, quando a maternidade divina foi definida solenemente como dogma de fé, comprova até à evidência quão profundamente na alma estava radicada essa verdade fundamental na alma daqueles antigos cristãos. Por isso, no sentir do Pe. Terrien, "as definições dos concílios não introduziram um novo dogma, mas foram antes a sanção oficial da fé da Igreja, motivada pelas sacrílegas negações dos inovadores."

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

SANTA MARIA MÃE DE DEUS - 01 DE JANEIRO

Solenidade da Santa Maria, Mãe de Deus!




A Solenidade da Santa Maria Mãe de Deus é a primeira Festa Mariana que apareceu na Igreja Ocidental, sua celebração se começou a dar em Roma para o século VI, provavelmente junto com a dedicação –em 1º de janeiro– do templo “Santa Maria Antiga” no Foro Romano, uma das primeiras Iglesias marianas de Roma.

A antigüidade da celebração Mariana se constata nas pinturas com o nome de Maria, Mãe de Deus” (Theotókos) que foram encontradas nas Catacumbas ou antiqüíssimos subterrâneos que estão cavados debaixo da cidade de Roma, onde se reuniam os primeiros cristãos para celebrar a Missa em tempos das perseguições.
Mais adiante, o rito romano celebrava em 1º de janeiro a oitava de Natal, comemorando a circuncisão do Menino Jesus.

Depois de desaparecer a antiga festa Mariana, em 1931, o Papa Pio XI, com ocasião do XV centenário do concílio de Éfeso (431), instituiu a Festa Mariana para em 11 de outubro, em lembrança deste Concílio, onde se proclamou solenemente Santa Maria como verdadeira Mãe de Cristo, que é verdadeiro Filho de Deus; mas na última reforma do calendário –após o Concílio Vaticano II– se transladou a festa para 1º de janeiro, com a máxima categoria litúrgica, de solenidade, e com título da Santa Maria, Mãe de Deus.

Desta maneira, esta Festa Mariana encontra um marco litúrgico mais adequado no tempo do Natal do Senhor; e ao mesmo tempo, todos os católicos começam o ano pedindo o amparo da Santíssima Virgem Maria.

O Concílio de Éfeso




No ano de 431, o herege Nestorio se atreveu a dizer que Maria não era Mãe de Deus, afirmando:

“Então Deus tem uma mãe? Pois então não condenemos a mitologia grega, que lhes atribui uma mãe aos deuses”. 




Ante isso, reuniram-se os 200 bispos do mundo em Éfeso –a cidade onde a Santíssima Virgem passou seus últimos anos– e iluminados pelo Espírito Santo declararam:

“A Virgem Maria sim é Mãe de Deus porque seu Filho, Cristo, é Deus”. 

E acompanhados por toda a multidão da cidade que os rodeava levando tochas acesas, fizeram uma grande procissão cantando:

"Santa Maria, Mãe de Deus, roga por nós pecadores agora e na hora de nossa morte. Amém".


 
Do mesmo modo, São Cirilo da Alexandria ressaltou:

 “Será dito: a Virgem é mãe da divindade?

 A isso respondemos: o Verbo vivente, subsistente, foi engendrado pela mesma substância de Deus Pai, existe desde toda a eternidade... Mas no tempo ele se fez carne, por isso se pode dizer que nasceu de mulher”.

Mãe do Menino Deus





"Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo sua palavra"

É desde esse Fiat, faça-se que Santa Maria respondeu firme e amorosamente ao Plano de Deus; graças a sua entrega generosa Deus mesmo se pôde encarnar para nos trazer a Reconciliação, que nos libera das feridas do pecado.

A donzela de Nazaré, a cheia de graça, ao assumir em seu ventre ao Menino Jesus, a Segunda Pessoa da Trindade, converte-se na Mãe de Deus, dando tudo de si para seu Filho; vemos porque tudo nela aponta a seu Filho Jesus.

É por isso, que Maria é modelo para todo cristão que busca dia a dia alcançar sua santificação. Em nossa Mãe Santa Maria encontramos a guia segura que nos introduz na vida do Senhor Jesus, nos ajudando a nos conformar com Ele e poder dizer como o Apóstolo “vivo eu mais não eu, é Cristo quem vive em mim”.


Provas da Santa Escritura

Para iluminar com um raio divino esta verdade tão bela e fundamental, recorramos à Sagrada Escritura, mostrando como ali tudo proclama este título da Virgem Imaculada.

Maria é verdadeiramente Mãe de Deus.

Ela gerou um homem hipostaticamente unido à divindade; Deus nasceu verdadeiramente dela, revestido de um corpo mortal, formado do seu virginal e puríssimo sangue.

Embora, no Evangelho, Ela não seja chamada expressamente "Mãe de Cristo" ou "Mãe de Deus", esta dignidade deduz-se, com todo o rigor, do texto sagrado.

O Arcanjo Gabriel, dizendo à Maria: "O santo que há de nascer de ti será chamado Filho de Deus" (Lc 1, 35), exprime claramente que ela será Mãe de Deus.

O Arcanjo diz que o Santo que nascerá de Maria será chamado o Filho de Deus. Se o Filho de Maria é o Filho de Deus, é absolutamente certo que Maria é a Mãe de Deus.

Repleta do Espírito Santo, Santa Isabel exclama: "Donde me vem a dita que a Mãe de meu Senhor venha visitar-me?" (Lc 1, 43).

Que quer dizer isso senão que Maria é a Mãe de Deus? Mãe do Senhor ou "Mãe de Deus" são expressões idênticas.

S. Paulo diz que Deus enviou seu Filho, feito da mulher, feito sob a lei (Galat. 4, 4).

O profeta Isaías predisse que a Virgem conceberia e daria à luz um Filho que seria chamado Emanuel ou Deus conosco (Is 7, 14). Qual é este Deus? É necessariamente Aquele que, segundo o testemunho de S. Pedro, não é nem Jeremias, nem Elias, nem qualquer outro profeta, mas, sim, o Cristo, o Filho de Deus vivo.

É aquele que, conforme a confissão dos demônios, é: o Santo de Deus.

Tal é o Cristo que Maria deu à luz.

Ela gerou, pois, um Deus-homem. Logo, é Mãe de Deus por ser Mãe de um homem que é Deus e que, sendo Deus, Redimiu o gênero humano.

A Doutrina dos Santos Padres, a Tradição: 


Tal é a doutrina claramente expressa no Evangelho, e sempre seguida na Igreja Católica.

Os Santos Padres, desde os tempos Apostólicos até hoje, foram sempre unânimes a respeito desta questão; seria uma página sublime se pudéssemos reproduzir as numerosas sentenças que eles nos legaram.

Citemos pelo menos uns textos dos principais Apóstolos, tirados de suas "liturgias" e transmitidas por escritores dos primeiros séculos.

Santo André diz: "Maria é Mãe de Deus, resplandecente de tanta pureza, e radiante de tanta beleza, que, abaixo de Deus, é impossível imaginar maior, na terra ou no céu." (Sto Andreas Apost. in transitu B. V., apud Amad.).

São João diz: "Maria é verdadeiramente Mãe de Deus, pois concebeu e gerou um verdadeiro Deus, deu à luz, não um simples homem como as outras mães, mas Deus unido à carne humana." (S. João Apost. Ibid).

S. Tiago: "Maria é a Santíssima, a Imaculada, a gloriosíssima Mãe de Deus" (S. Jac. in Liturgia).

S. Dionísio Areopagita: "Maria é feita Mãe de Deus, para a salvação dos infelizes." (S. Dion. in revel. S. Brigit.)

Orígenes (Sec. II) escreve: "Maria é Mãe de Deus, unigênito do Rei e criador de tudo o que existe" (Orig. Hom. I, in divers.)

Santo Atanásio diz: "Maria é Mãe de Deus, completamente intacta e impoluta." (Sto. Ath. Or. in pur. B.V.).

Santo Efrém: "Maria é Mãe de Deus sem culpa" (S. Ephre. in Thren. B.V.).

S. Jerônimo: "Maria é verdadeiramente Mãe de Deus". (S. Jerôn. in Serm. Ass. B. V.).

Santo Agostinho: "Maria é Mãe de Deus, feita pela mão de Deus". (S. Agost. in orat. ad heres.).

E assim por diante.

Todos os Santos Padres rivalizaram em amor e veneração, proclamando Maria: Santa e Imaculada Mãe de Deus.

Terminemos estas citações, que podíamos prolongar por páginas afora, pela citação do argumento com que S. Cirilo refutou Nestório:

"Maria Santíssima, diz o grande polemista, é Mãe de Cristo e Mãe de Deus. A carne de Cristo não foi primeiro concebida, depois animada, e enfim assumida pelo Verbo; mas no mesmo momento foi concebida e unida à alma do Verbo. Não houve, pois, intervalo de tempo entre o instante da Conceição da carne, que permitiria chamar Maria "Mãe de um homem", e a vinda da majestade divina. No mesmo instante a carne de Cristo foi concebida e unida à alma e ao Verbo".

Vê-se, através destas citações, que nenhuma dúvida, nenhuma hesitação existe sobre este ponto no espírito dos Santos Padres. É uma verdade Evangélica, tradicional, universal, que todos aceitam e professam.



SANTA MARIA , MÃE DE DEUS,
ROGAI POR NÓS PECADORES
AGORA E NA HORA DE NOSSA MORTE.
AMÉM...


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

TOTUS TUUS ----> Todo de Deus por meio de Maria!


Testamento de João Paulo II

Totus Tuus ego sum
Em nome da Santíssima Trindade. Amém.

'Velai, porque não sabeis qual dia vosso Senhor virá' (cf. Mt 24, 42) - essas palavras me lembram o último apelo que será feito quando o Senhor quiser. Desejo segui-Lo e desejo que tudo o que faz parte de minha vida sobre a terra me prepare para este momento. Não sei quando isto acontecerá, mas coloco este momento, como todo o resto, nas mãos da Mãe de meu Mestre: Totus Tuus. Deixo entre as mesmas mãos maternais tudo e todos aos quais minha vida e minha vocação estão ligados. Deixo principalmente a Igreja em essas mãos, assim como minha Nação e a humanidade inteira. Agradeço a todo o mundo. Peço perdão a todos. Peço também a prece para que a Misericórdia de Deus se mostre maior que minha fraqueza e minha indignidade.

Durante esses exercícios espirituais, reli o testamento do Santo Padre Paulo VI. Esta leitura levou-me a escrever o presente testamento.

Não deixo nenhuma propriedade da qual deveria dispor. Quanto aos objetos que me serviam diariamente, peço que sejam distribuídos da maneira que parecer mais oportuna. As notas pessoais deverão ser queimadas. Peço que dom Stanislaw (NDR, dom Stanislaw Dziwisz, secretário particular de Karol Wojtyla) zele por isso e eu o agradeço por sua colaboração e sua ajuda prolongada e compreensiva. Todos os outros agradecimentos estão no coração, diante de Deus Ele Mesmo, porque é difícil exprimi-los.

No que diz respeito aos funerais, repito as disposições dadas pelo Santo Padre Paulo VI. (NDR, os serviços do Vaticano precisam que, nesta parte do texto, João Paulo II fez, em 13 de março 1992 uma observação à margem, precisando: "a sepultura na terra, não num sarcófago")
'apud Dominum misericordia et copiosa apud Eum redemptio'

Roma, 6 de março de 1979
João Paulo II"

"Após a morte, peço Santas Missas e preces. 5 de março de 1990"

Folha sem data (NDR, observação do Vaticano)

"Exprimo a mais profunda confiança que, apesar de toda minha fraqueza, o Senhor me concederá toda a graça necessária para enfrentar segundo Sua Vontade toda a tarefa, prova e sofrimento que Ele quiser pedir a Seu servidor durante a vida. Tenho também confiança que não permitirá jamais trair minhas obrigações nesta Santa Sé de Pedro por minhas atitudes: palavras, atos ou omissões".

"24 de fevereiro-1º março de 1980

Durante esses exercícios espirituais, também refleti sobre a verdade do Sacerdócio de Cristo na perspectiva desta passagem que, para cada um de nós, é o momento de sua própria morte. Da partida deste mundo - para nascer para o outro, o mundo futuro, do qual a ressurreição de Cristo é um sinal eloqüente. (NDR, o Vaticano precisa que abaixo dessa última palavra, João Paulo II a em seguida acrescentou: "decisivo") Li a transcrição de meu testamento do ano passado, feito ele também durante os exercícios espirituais, eu o comparei ao testamento de meu grande Predecessor e pai, Paulo VI, com este sublime testemunho sobre a morte de um cristão e de um papa - e renovei em mim a consciência das questões às quais se referem a transcrição de 6 de março de 1979 que preparei (de forma provisória).

Hoje, desejo acrescentar apenas iso, que cada um deve manter presente a perspectiva da morte. E estar preparado para se apresentar diante do Senhor e Juiz - e ao mesmo tempo Redentor e Pai. Então, levo isso continuamente em consideração, confiando neste momento decisivo à Mãe de Cristo e da Igreja, à Mãe de minha esperança.

Os tempos nos quais vivemos são indubitavelmente difíceis e turbulentos. O caminho da Igreja torna-se, também ele, difícil e tenso, característica esses tempos, tanto para os fiéis como para os pastores. Em alguns países (como por exemplo aquele sobre o qual li durante os exercícios espirituais) a Igreja atravessa um período de perseguição em nada inferior à dos primeiros séculos, ela os supera mesmo em grau de desumanidade e de ódio. 'Sanguis martyrum semen christianorum'. E no mais, tantas pessoas desapareceram enquanto inocentes. mesmo neste país no qual vivemos.

Desejo ainda uma vez mais colocar-me totalmente sob as graças do Senhor. Ele Próprio decidirá quando e como devo acabar minha vida terrestre e meu ministério pastoral. Na vida e na morte 'Totus Tuus' através da Imaculada. Aceitando desde já esta morte, espero que o Cristo me dará a graça para a última passagem, isto é, à (minha) Páscoa. Espero também que tornará útil a esta outra causa mais importante, à qual procuro servir: a salvação dos homens, a salvaguarda da família humana e, nela, todas as nações e povos (entre os quais eu me dirijo em particular à minha Pátria na terra), útil para as pessoas que me confiou de maneira particular, para as questões da Igreja e para a glória de Deus mesmo.

Não desejo acrescentar o que quer que seja ao que já escrevi há um ano - exprimir apenas esta disponibilidade e, então, paralelamente, esta confiança, à qual os exercícios espirituais presentes me levaram novamente.

João Paulo II"

"'Totus Tuus ego sum' 5 março de 1982

Durante os exercícios espirituais deste ano, li (várias vezes) o texto do testamento de 6 de março de 1979. Apesar de agora eu ainda considerá-lo provisório, vou deixá-lo assim. Não vou mudar nada (por enquanto) e não vou acrescentar nada também no que se refere às disposições que ele contém.

O atentado contra minha vida em 13 de maio de 1981 confirmou, de certo modo, a exatidão das palavras escritas no período dos exercícios espirituais de 1980 (de 24 de fevereiro a 1º de março).

Sinto muito profundamente que estou totalmente nas mãos de Deus - e continuo constantemente à disposição do meu Senhor e me confio a Ele através de sua Mãe Imaculada (Totus Tuus) João Paulo II

"5 de março de 1982

Sobre a última frase de meu testamento de 6 de março de 1979 ("No local, quer dizer dos funerais, decidido pelo Colégio Cardinalício e os compatriotas") esclareço o que tenho no espírito: a Cracóvia ou o Conselho Geral do Episcopado da Polônia. Eu peço então ao Colégio dos cardeais que satisfaça na medida do possível os eventuais pedidos mencionados acima.

1º de março de 1985 (durante exercícios espirituais)

Ainda - no que se refere à expressão "Colégio dos cardeais e os compatriotas": o colégio cardinalício não tem nenhuma obrigação de interrogar sobre esta questão "os compatriotas"; Ele poderá no entanto fazê-lo se, por qualquer razão que seja, possa justificar.

"Os exercícios espirituais do ano do Jubileu 2000 (12 a 18 de março)

1. Quando no dia 16 de outubro de 1978, o conclave dos cardeais me escolheu como Papa, João Paulo II, o Primaz da Polônia, o cardeal polonês Stefan Wyszynski me disse: 'o dever do novo papa é introduzir a Igreja no Terceiro Milênio'. Eu não sei se estou repetindo a frase com fidelidade mas foi pelo menos esse o sentido que entendi naquela hora. Foi o homem que entrou para a história como o Prelado do Milênio que pronunciou estas palavras. Um grande prelado. Fui testemunha de sua missão, de sua confiança total. De suas lutas: de sua vitória. 'A vitória, quando ela acontecer, será uma vitória devida à Maria' - o prelado do Milênio tinha o costume de repetir estas palavras de seu antecessor, o cardeal August Hlond.
Desta forma eu fui de, alguma maneira, preparado para a tarefa que me foi apresentada em 16 de outubro de 1978. No momento em que escrevi estas palavras, o Ano do Jubileu 2000 já é uma realidade em curso. A porta simbólica do Grande Jubileu da Basílica de São Pedro foi aberta na noite de 24 de dezembro de 1999, depois a de São João de Latrão, depois a de Santa Maria Maior, para o Ano Novo; e em 19 de janeiro a porta da Basílica de São Paulo Extra-Muros. Este último evento, por seu caráter ecumênico, marcou a memória de maneira particular.

2. "À medida que o Ano do Jubileu 2000 avança, dia a dia o século XX fica para trás e o século XXI se abre. Como quis a Providência, vivi neste século difícil que desaparece no passado, e agora, quando me aproximo dos 80 anos ("octogesima adveniens"), tenho de me perguntar se não chegou a hora de repetir com o Simeão bíblico 'Nunc dimittis'.

"No dia 13 de maio de 1981 (o atentado contra o Papa cometido durante a audiência geral na praça São Pedro), a Divina Providência me salvou milagrosamente da morte. O que é o único Senhor da vida e da morte prolongou minha vida e, de alguma forma, me fez nascer de novo. A partir deste momento, minha vida Lhe pertence ainda mais. Espero que Ele me ajudará a perceber até quando devo continuar a missão que Ele me atribuiu no dia 16 de outubro de 1978. Peço a Ele que me chame de volta quando achar melhor. 'Na vida e na morte, pertencemos ao Senhor...somos parte do Senhor' (cf. Rm 14, 8). Também espero que, enquanto tiver que cumprir o serviço de Pedro na Igreja, a Misericórdia de Deus me dará as forças necessárias.

3. Como a cada ano durante os exercícios espirituais, li meu testamento do dia 6 de março de 1979. Mantenho as disposições que nele estão contidas. O que foi acrescentado, na época e também durante os exercícios espirituais sucessivos, retrata a difícil e tensa situação geral que marcou os anos 80. A partir de 1989, esta situação mudou. A última década do século passado foi isenta das tensões anteriores, o que não significa que ela não trouxe novos problemas e dificuldades. Quero louvar particularmente a Divina Providência por este motivo, que o período chamado 'guerra fria' tenha sido encerrado sem o violento conflito nuclear que pesava sobre o mundo durante o precedente período.

4. Estando perto do início do terceiro milênio 'in medio Ecclesiae', desejo mais uma vez expressar minha gratidão ao Espírito Santo pelo grande dom do Concílio Vaticano II. Estou convencido de que as novas gerações poderão por muito tempo ainda aproveitar as riquezas que este Concílio do século XX nos deu. Como bispo tendo participado do Concílio do primeiro ao último dia, desejo confiar este grande patrimônio a todos os que devem, e os que deverão, concretizá-lo no futuro. Quanto a mim, agradeço o eterno Pastor por ter me permitido servir esta grandíssima causa durante todos os anos de meu pontificado.

'In medio Ecclesiae'... logo nos primeiros anos de serviços episcopais - e justamente graças ao Concílio - pude experimentar a comunhão fraterna do episcopado. Como bispo do arquidiocese de Cracóvia, havia experimentado a comunhão fraterna do presbitério - o Concílio deu uma nova dimensão a esta experiência.


5. Quantas pessoas deveria mencionar aqui! O Senhor provavelmente já chamou de volta para ele a maioria dentre elas. Para as que ainda se encontram entre nós, as palavras deste testamento são dirigidas a elas, para todas e em todos os lugares, onde quer que estejam.
Há mais de vinte anos que exerço o serviço de Pedro 'in medio Ecclesiae', e pude contar com a colaboração bondosa e fecunda de tantos cardeais, arcebispos e bispos, tantos padres, tantas pessoas consagradas, Irmãos e Irmãs, e também tantas pessoas leigas, no ambiente da Cúria, no Vicariato da diocese de Roma e em outros lugares.

Como não abraçar com uma memória cheia de gratidão todos os Episcopados do mundo que encontrei durante as visitas 'ad limina Apostolorum'! Como não recordar tantos Irmãos cristãos - não católicos! E o rabino de Roma e tantos representantes das religiões não-cristãs! E quantos representantes do mundo da cultura, da ciência, da política, dos meios de comunicação social!

6. À medida que o limite de minha vida na terra se aproxima, meu espírito volta ao início, a meus pais, ao irmão e à irmã (que eu não conheci porque ela morreu antes de nascer), à paróquia de Wadowice, onde fui batizado, a esta cidade de meu amor, a meus contemporâneos, colegas do primário, do colégio, da universidade até o tempo da ocupação quando eu trabalhava como operário e, depois, à paróquia de Niegowice, a de Saint-Florian na Cracóvia, à pastoral universitária, ao lugar.... a vários lugares ... na Cracóvia e em Roma ... às pessoas que de modo especial me foram confiadas pelo Senhor.

A todos eu digo uma única coisa: 'Deus vos recompense'
'In manus Tuas, Domine, commendo spiritum meum'

Theotôkus! Maria, Mãe de Deus!!!: TÍTULO MARIANO DE MÃE DE DEUS!

Theotôkus! Maria, Mãe de Deus!!!: TÍTULO MARIANO DE MÃE DE DEUS!

TÍTULO MARIANO DE MÃE DE DEUS!

Título Mariano de "Mãe de Deus"

A contemplação do Mistério do Nascimento do Salvador tem levado o Povo cristão, não só a dirigir-se à Virgem Santa, como a Mãe de Jesus, mas também a reconhecê-La como Mãe de Deus.
Essa verdade foi aprofundada e compreendida como pertencendo ao património da Fé da Igreja, já desde os primeiros séculos da Era Cristã, até ser solenemente proclamada pelo Concílio de Éfeso, no ano 431.
Na primeira Comunidade cristã, enquanto cresce, entre os discípulos, a consciência de que Jesus é o Filho de Deus, resulta sempre mais claro que Maria é a "Theotokos", a Mãe de Deus.
Trata-se de um título que não aparece explicitamente nos textos evangélicos, embora eles recordem "a Mãe de Jesus" e afirmem que Ele é Deus (Jo 20, 28; cf. 5, 18; 10, 30.33).
Em todo o caso, Maria é apresentada como Mãe do 'Emanuel', que significa Deus connosco (cf. Mt 1, 22-23).
Já no século III, como se deduz dum antigo testemunho escrito, os cristãos do Egipto dirigiam-se a Maria com esta oração:
"Sob a vossa protecção procuramos refúgio, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas, que estamos na prova, e livrai-nos de todo o perigo, ó Virgem Gloriosa e Bendita" (Da Liturgia das Horas).
Neste antigo testemunho, a expressão "Theotokos" ('Mãe de Deus') aparece pela primeira vez de forma explícita.
Na mitologia pagã, acontecia com frequência que alguma deusa fosse apresentada como mãe de um deus. Zeus, por exemplo, deus supremo, tinha por mãe a deusa Reia.
Esse contesto facilitou talvez, entre os Cristãos, o uso do título "Theotokos", "Mãe de Deus", para a Mãe de Jesus.
Contudo, é preciso notar que este titulo não existia, mas foi criado pelos Cristãos, para exprimir uma Fé que não tinha nada a ver com a mitologia pagã, a Fé na Concepção virginal, no seio de Maria, d'Aquele que desde sempre era o Verbo eterno de Deus.

No século IV, o termo "Theotokos" é já de uso frequente no Oriente e no Ocidente.
A piedade e a teologia fazem referência, de modo cada vez mais frequente, a esse termo, já entrado no património de Fé da Igreja.
Compreende-se, por isso, o grande movimento de protesto, que se manifestou no século V, quando Nestório pôs em dúvida a legitimidade do título "Mãe de Deus".
Ele, de facto, propenso a considerar Maria somente como Mãe do Homem Jesus, afirmava que só era doutrinalmente correcta a expressão "Mãe de Cristo".
Nestório era induzido neste erro pela sua dificuldade em admitir a unidade da Pessoa de Cristo, e pela interpretação errónea da distinção entre as duas Naturezas - a Divina e a Humana - presentes n'Ele.
O Concílio de Éfeso, no ano 431, condenou as suas teses, e afirmando a subsistência da Natureza Divina e da Natureza Humana na única Pessoa do Filho, proclamou Maria como "Mãe de Deus".

As dificuldades e as objecções apresentadas por Nestório oferecem-nos agora a ocasião para algumas reflexões úteis, a fim de compreendermos e interpretarmos de modo correcto esse título.
A expressão "Theotokos", que literalmente significa "aquela que gerou Deus", à primeira vista pode resultar surpreendente; suscita, com efeito, a questão sobre como é possível que uma criatura humana gere Deus.
A resposta da Fé da Igreja é clara:
A Maternidade divina de Maria refere-se só à geração humana do Filho de Deus, e não à Sua geração divina.
O Filho de Deus foi desde sempre gerado por Deus Pai, e é-Lhe consubstancial.
Nesta geração eterna, Maria não desempenha, evidentemente, nenhum papel.
O Filho de Deus, porém, há dois mil anos, assumiu a nossa natureza humana, e foi então concebido e dado à luz por Maria.
Proclamando Maria "Mãe de Deus", a Igreja quer, portanto, afirmar que Ela é a "Mãe do Verbo encarnado, que é Deus".
Por isso, a sua Maternidade não se refere a toda a Trindade, mas unicamente à Segunda Pessoa, ao Filho que, ao encarnar-Se, assumiu dela a Natureza humana.
A maternidade é a relação intrínseca entre duas pessoas, pois uma mãe não é mãe apenas do corpo ou da criatura física saída do seu seio, mas da pessoa completa que ela gera.
Maria, portanto, tendo gerado, segundo a natureza humana, a Pessoa de Jesus, que é Pessoa Divina, é assim Mãe de Deus.
Ao proclamar Maria "Mãe de Deus", a Igreja professa uma única expressão da sua Fé acerca do Filho e da Mãe.
Esta união emerge já no Concílio de Éfeso.
Com a definição da Maternidade divina de Maria, os Padres queriam evidenciar a sua Fé na Divindade de Cristo.
Não obstante as objecções, antigas e recentes, acerca da oportunidade de atribuir este título a Maria, os Cristãos de todos os tempos, interpretando correctamente o significado dessa Maternidade, tornaram-no uma expressão privilegiada da sua Fé na Divindade de Cristo e do seu amor para com a Virgem Maria.
Na "Theotokos", a Igreja, por um lado, reconhece a garantia da realidade da Encarnação, porque - como afirma Santo Agostinho - «se a Mãe fosse fictícia, seria fictícia também a carne... e fictícias seriam as cicatrizes da Ressurreição" (Tracto, in Ev. Ioannis, 8, 6-7).
E, por outro, a Igreja contempla com admiração e celebra com veneração a imensa grandeza conferida a Maria, por Aquele que quis ser seu Filho.
A expressão "Mãe de Deus" remete ao Verbo de Deus que, na Encarnação, assumiu a humildade da condição humana, para elevar o homem à filiação divina.
Mas esse título, à luz da dignidade sublime conferida à Virgem de Nazaré, proclama, também, a nobreza dessa Mulher e a sua altíssima Vocação.
Com efeito, Deus trata Maria como pessoa livre e responsável, e não realiza a Encarnação do Seu Filho senão depois de ter obtido o seu consentimento.
Seguindo o exemplo dos antigos cristãos do Egipto, os fiéis entregam-se Àquela que, sendo Mãe de Deus, pode obter do Divino Filho as graças da libertação dos perigos e da Salvação eterna.
(Via 'Agência Ecclesia')