terça-feira, 24 de janeiro de 2012

TÍTULO MARIANO DE MÃE DE DEUS!

Título Mariano de "Mãe de Deus"

A contemplação do Mistério do Nascimento do Salvador tem levado o Povo cristão, não só a dirigir-se à Virgem Santa, como a Mãe de Jesus, mas também a reconhecê-La como Mãe de Deus.
Essa verdade foi aprofundada e compreendida como pertencendo ao património da Fé da Igreja, já desde os primeiros séculos da Era Cristã, até ser solenemente proclamada pelo Concílio de Éfeso, no ano 431.
Na primeira Comunidade cristã, enquanto cresce, entre os discípulos, a consciência de que Jesus é o Filho de Deus, resulta sempre mais claro que Maria é a "Theotokos", a Mãe de Deus.
Trata-se de um título que não aparece explicitamente nos textos evangélicos, embora eles recordem "a Mãe de Jesus" e afirmem que Ele é Deus (Jo 20, 28; cf. 5, 18; 10, 30.33).
Em todo o caso, Maria é apresentada como Mãe do 'Emanuel', que significa Deus connosco (cf. Mt 1, 22-23).
Já no século III, como se deduz dum antigo testemunho escrito, os cristãos do Egipto dirigiam-se a Maria com esta oração:
"Sob a vossa protecção procuramos refúgio, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas, que estamos na prova, e livrai-nos de todo o perigo, ó Virgem Gloriosa e Bendita" (Da Liturgia das Horas).
Neste antigo testemunho, a expressão "Theotokos" ('Mãe de Deus') aparece pela primeira vez de forma explícita.
Na mitologia pagã, acontecia com frequência que alguma deusa fosse apresentada como mãe de um deus. Zeus, por exemplo, deus supremo, tinha por mãe a deusa Reia.
Esse contesto facilitou talvez, entre os Cristãos, o uso do título "Theotokos", "Mãe de Deus", para a Mãe de Jesus.
Contudo, é preciso notar que este titulo não existia, mas foi criado pelos Cristãos, para exprimir uma Fé que não tinha nada a ver com a mitologia pagã, a Fé na Concepção virginal, no seio de Maria, d'Aquele que desde sempre era o Verbo eterno de Deus.

No século IV, o termo "Theotokos" é já de uso frequente no Oriente e no Ocidente.
A piedade e a teologia fazem referência, de modo cada vez mais frequente, a esse termo, já entrado no património de Fé da Igreja.
Compreende-se, por isso, o grande movimento de protesto, que se manifestou no século V, quando Nestório pôs em dúvida a legitimidade do título "Mãe de Deus".
Ele, de facto, propenso a considerar Maria somente como Mãe do Homem Jesus, afirmava que só era doutrinalmente correcta a expressão "Mãe de Cristo".
Nestório era induzido neste erro pela sua dificuldade em admitir a unidade da Pessoa de Cristo, e pela interpretação errónea da distinção entre as duas Naturezas - a Divina e a Humana - presentes n'Ele.
O Concílio de Éfeso, no ano 431, condenou as suas teses, e afirmando a subsistência da Natureza Divina e da Natureza Humana na única Pessoa do Filho, proclamou Maria como "Mãe de Deus".

As dificuldades e as objecções apresentadas por Nestório oferecem-nos agora a ocasião para algumas reflexões úteis, a fim de compreendermos e interpretarmos de modo correcto esse título.
A expressão "Theotokos", que literalmente significa "aquela que gerou Deus", à primeira vista pode resultar surpreendente; suscita, com efeito, a questão sobre como é possível que uma criatura humana gere Deus.
A resposta da Fé da Igreja é clara:
A Maternidade divina de Maria refere-se só à geração humana do Filho de Deus, e não à Sua geração divina.
O Filho de Deus foi desde sempre gerado por Deus Pai, e é-Lhe consubstancial.
Nesta geração eterna, Maria não desempenha, evidentemente, nenhum papel.
O Filho de Deus, porém, há dois mil anos, assumiu a nossa natureza humana, e foi então concebido e dado à luz por Maria.
Proclamando Maria "Mãe de Deus", a Igreja quer, portanto, afirmar que Ela é a "Mãe do Verbo encarnado, que é Deus".
Por isso, a sua Maternidade não se refere a toda a Trindade, mas unicamente à Segunda Pessoa, ao Filho que, ao encarnar-Se, assumiu dela a Natureza humana.
A maternidade é a relação intrínseca entre duas pessoas, pois uma mãe não é mãe apenas do corpo ou da criatura física saída do seu seio, mas da pessoa completa que ela gera.
Maria, portanto, tendo gerado, segundo a natureza humana, a Pessoa de Jesus, que é Pessoa Divina, é assim Mãe de Deus.
Ao proclamar Maria "Mãe de Deus", a Igreja professa uma única expressão da sua Fé acerca do Filho e da Mãe.
Esta união emerge já no Concílio de Éfeso.
Com a definição da Maternidade divina de Maria, os Padres queriam evidenciar a sua Fé na Divindade de Cristo.
Não obstante as objecções, antigas e recentes, acerca da oportunidade de atribuir este título a Maria, os Cristãos de todos os tempos, interpretando correctamente o significado dessa Maternidade, tornaram-no uma expressão privilegiada da sua Fé na Divindade de Cristo e do seu amor para com a Virgem Maria.
Na "Theotokos", a Igreja, por um lado, reconhece a garantia da realidade da Encarnação, porque - como afirma Santo Agostinho - «se a Mãe fosse fictícia, seria fictícia também a carne... e fictícias seriam as cicatrizes da Ressurreição" (Tracto, in Ev. Ioannis, 8, 6-7).
E, por outro, a Igreja contempla com admiração e celebra com veneração a imensa grandeza conferida a Maria, por Aquele que quis ser seu Filho.
A expressão "Mãe de Deus" remete ao Verbo de Deus que, na Encarnação, assumiu a humildade da condição humana, para elevar o homem à filiação divina.
Mas esse título, à luz da dignidade sublime conferida à Virgem de Nazaré, proclama, também, a nobreza dessa Mulher e a sua altíssima Vocação.
Com efeito, Deus trata Maria como pessoa livre e responsável, e não realiza a Encarnação do Seu Filho senão depois de ter obtido o seu consentimento.
Seguindo o exemplo dos antigos cristãos do Egipto, os fiéis entregam-se Àquela que, sendo Mãe de Deus, pode obter do Divino Filho as graças da libertação dos perigos e da Salvação eterna.
(Via 'Agência Ecclesia')

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