terça-feira, 24 de janeiro de 2012

TOTUS TUUS ----> Todo de Deus por meio de Maria!


Testamento de João Paulo II

Totus Tuus ego sum
Em nome da Santíssima Trindade. Amém.

'Velai, porque não sabeis qual dia vosso Senhor virá' (cf. Mt 24, 42) - essas palavras me lembram o último apelo que será feito quando o Senhor quiser. Desejo segui-Lo e desejo que tudo o que faz parte de minha vida sobre a terra me prepare para este momento. Não sei quando isto acontecerá, mas coloco este momento, como todo o resto, nas mãos da Mãe de meu Mestre: Totus Tuus. Deixo entre as mesmas mãos maternais tudo e todos aos quais minha vida e minha vocação estão ligados. Deixo principalmente a Igreja em essas mãos, assim como minha Nação e a humanidade inteira. Agradeço a todo o mundo. Peço perdão a todos. Peço também a prece para que a Misericórdia de Deus se mostre maior que minha fraqueza e minha indignidade.

Durante esses exercícios espirituais, reli o testamento do Santo Padre Paulo VI. Esta leitura levou-me a escrever o presente testamento.

Não deixo nenhuma propriedade da qual deveria dispor. Quanto aos objetos que me serviam diariamente, peço que sejam distribuídos da maneira que parecer mais oportuna. As notas pessoais deverão ser queimadas. Peço que dom Stanislaw (NDR, dom Stanislaw Dziwisz, secretário particular de Karol Wojtyla) zele por isso e eu o agradeço por sua colaboração e sua ajuda prolongada e compreensiva. Todos os outros agradecimentos estão no coração, diante de Deus Ele Mesmo, porque é difícil exprimi-los.

No que diz respeito aos funerais, repito as disposições dadas pelo Santo Padre Paulo VI. (NDR, os serviços do Vaticano precisam que, nesta parte do texto, João Paulo II fez, em 13 de março 1992 uma observação à margem, precisando: "a sepultura na terra, não num sarcófago")
'apud Dominum misericordia et copiosa apud Eum redemptio'

Roma, 6 de março de 1979
João Paulo II"

"Após a morte, peço Santas Missas e preces. 5 de março de 1990"

Folha sem data (NDR, observação do Vaticano)

"Exprimo a mais profunda confiança que, apesar de toda minha fraqueza, o Senhor me concederá toda a graça necessária para enfrentar segundo Sua Vontade toda a tarefa, prova e sofrimento que Ele quiser pedir a Seu servidor durante a vida. Tenho também confiança que não permitirá jamais trair minhas obrigações nesta Santa Sé de Pedro por minhas atitudes: palavras, atos ou omissões".

"24 de fevereiro-1º março de 1980

Durante esses exercícios espirituais, também refleti sobre a verdade do Sacerdócio de Cristo na perspectiva desta passagem que, para cada um de nós, é o momento de sua própria morte. Da partida deste mundo - para nascer para o outro, o mundo futuro, do qual a ressurreição de Cristo é um sinal eloqüente. (NDR, o Vaticano precisa que abaixo dessa última palavra, João Paulo II a em seguida acrescentou: "decisivo") Li a transcrição de meu testamento do ano passado, feito ele também durante os exercícios espirituais, eu o comparei ao testamento de meu grande Predecessor e pai, Paulo VI, com este sublime testemunho sobre a morte de um cristão e de um papa - e renovei em mim a consciência das questões às quais se referem a transcrição de 6 de março de 1979 que preparei (de forma provisória).

Hoje, desejo acrescentar apenas iso, que cada um deve manter presente a perspectiva da morte. E estar preparado para se apresentar diante do Senhor e Juiz - e ao mesmo tempo Redentor e Pai. Então, levo isso continuamente em consideração, confiando neste momento decisivo à Mãe de Cristo e da Igreja, à Mãe de minha esperança.

Os tempos nos quais vivemos são indubitavelmente difíceis e turbulentos. O caminho da Igreja torna-se, também ele, difícil e tenso, característica esses tempos, tanto para os fiéis como para os pastores. Em alguns países (como por exemplo aquele sobre o qual li durante os exercícios espirituais) a Igreja atravessa um período de perseguição em nada inferior à dos primeiros séculos, ela os supera mesmo em grau de desumanidade e de ódio. 'Sanguis martyrum semen christianorum'. E no mais, tantas pessoas desapareceram enquanto inocentes. mesmo neste país no qual vivemos.

Desejo ainda uma vez mais colocar-me totalmente sob as graças do Senhor. Ele Próprio decidirá quando e como devo acabar minha vida terrestre e meu ministério pastoral. Na vida e na morte 'Totus Tuus' através da Imaculada. Aceitando desde já esta morte, espero que o Cristo me dará a graça para a última passagem, isto é, à (minha) Páscoa. Espero também que tornará útil a esta outra causa mais importante, à qual procuro servir: a salvação dos homens, a salvaguarda da família humana e, nela, todas as nações e povos (entre os quais eu me dirijo em particular à minha Pátria na terra), útil para as pessoas que me confiou de maneira particular, para as questões da Igreja e para a glória de Deus mesmo.

Não desejo acrescentar o que quer que seja ao que já escrevi há um ano - exprimir apenas esta disponibilidade e, então, paralelamente, esta confiança, à qual os exercícios espirituais presentes me levaram novamente.

João Paulo II"

"'Totus Tuus ego sum' 5 março de 1982

Durante os exercícios espirituais deste ano, li (várias vezes) o texto do testamento de 6 de março de 1979. Apesar de agora eu ainda considerá-lo provisório, vou deixá-lo assim. Não vou mudar nada (por enquanto) e não vou acrescentar nada também no que se refere às disposições que ele contém.

O atentado contra minha vida em 13 de maio de 1981 confirmou, de certo modo, a exatidão das palavras escritas no período dos exercícios espirituais de 1980 (de 24 de fevereiro a 1º de março).

Sinto muito profundamente que estou totalmente nas mãos de Deus - e continuo constantemente à disposição do meu Senhor e me confio a Ele através de sua Mãe Imaculada (Totus Tuus) João Paulo II

"5 de março de 1982

Sobre a última frase de meu testamento de 6 de março de 1979 ("No local, quer dizer dos funerais, decidido pelo Colégio Cardinalício e os compatriotas") esclareço o que tenho no espírito: a Cracóvia ou o Conselho Geral do Episcopado da Polônia. Eu peço então ao Colégio dos cardeais que satisfaça na medida do possível os eventuais pedidos mencionados acima.

1º de março de 1985 (durante exercícios espirituais)

Ainda - no que se refere à expressão "Colégio dos cardeais e os compatriotas": o colégio cardinalício não tem nenhuma obrigação de interrogar sobre esta questão "os compatriotas"; Ele poderá no entanto fazê-lo se, por qualquer razão que seja, possa justificar.

"Os exercícios espirituais do ano do Jubileu 2000 (12 a 18 de março)

1. Quando no dia 16 de outubro de 1978, o conclave dos cardeais me escolheu como Papa, João Paulo II, o Primaz da Polônia, o cardeal polonês Stefan Wyszynski me disse: 'o dever do novo papa é introduzir a Igreja no Terceiro Milênio'. Eu não sei se estou repetindo a frase com fidelidade mas foi pelo menos esse o sentido que entendi naquela hora. Foi o homem que entrou para a história como o Prelado do Milênio que pronunciou estas palavras. Um grande prelado. Fui testemunha de sua missão, de sua confiança total. De suas lutas: de sua vitória. 'A vitória, quando ela acontecer, será uma vitória devida à Maria' - o prelado do Milênio tinha o costume de repetir estas palavras de seu antecessor, o cardeal August Hlond.
Desta forma eu fui de, alguma maneira, preparado para a tarefa que me foi apresentada em 16 de outubro de 1978. No momento em que escrevi estas palavras, o Ano do Jubileu 2000 já é uma realidade em curso. A porta simbólica do Grande Jubileu da Basílica de São Pedro foi aberta na noite de 24 de dezembro de 1999, depois a de São João de Latrão, depois a de Santa Maria Maior, para o Ano Novo; e em 19 de janeiro a porta da Basílica de São Paulo Extra-Muros. Este último evento, por seu caráter ecumênico, marcou a memória de maneira particular.

2. "À medida que o Ano do Jubileu 2000 avança, dia a dia o século XX fica para trás e o século XXI se abre. Como quis a Providência, vivi neste século difícil que desaparece no passado, e agora, quando me aproximo dos 80 anos ("octogesima adveniens"), tenho de me perguntar se não chegou a hora de repetir com o Simeão bíblico 'Nunc dimittis'.

"No dia 13 de maio de 1981 (o atentado contra o Papa cometido durante a audiência geral na praça São Pedro), a Divina Providência me salvou milagrosamente da morte. O que é o único Senhor da vida e da morte prolongou minha vida e, de alguma forma, me fez nascer de novo. A partir deste momento, minha vida Lhe pertence ainda mais. Espero que Ele me ajudará a perceber até quando devo continuar a missão que Ele me atribuiu no dia 16 de outubro de 1978. Peço a Ele que me chame de volta quando achar melhor. 'Na vida e na morte, pertencemos ao Senhor...somos parte do Senhor' (cf. Rm 14, 8). Também espero que, enquanto tiver que cumprir o serviço de Pedro na Igreja, a Misericórdia de Deus me dará as forças necessárias.

3. Como a cada ano durante os exercícios espirituais, li meu testamento do dia 6 de março de 1979. Mantenho as disposições que nele estão contidas. O que foi acrescentado, na época e também durante os exercícios espirituais sucessivos, retrata a difícil e tensa situação geral que marcou os anos 80. A partir de 1989, esta situação mudou. A última década do século passado foi isenta das tensões anteriores, o que não significa que ela não trouxe novos problemas e dificuldades. Quero louvar particularmente a Divina Providência por este motivo, que o período chamado 'guerra fria' tenha sido encerrado sem o violento conflito nuclear que pesava sobre o mundo durante o precedente período.

4. Estando perto do início do terceiro milênio 'in medio Ecclesiae', desejo mais uma vez expressar minha gratidão ao Espírito Santo pelo grande dom do Concílio Vaticano II. Estou convencido de que as novas gerações poderão por muito tempo ainda aproveitar as riquezas que este Concílio do século XX nos deu. Como bispo tendo participado do Concílio do primeiro ao último dia, desejo confiar este grande patrimônio a todos os que devem, e os que deverão, concretizá-lo no futuro. Quanto a mim, agradeço o eterno Pastor por ter me permitido servir esta grandíssima causa durante todos os anos de meu pontificado.

'In medio Ecclesiae'... logo nos primeiros anos de serviços episcopais - e justamente graças ao Concílio - pude experimentar a comunhão fraterna do episcopado. Como bispo do arquidiocese de Cracóvia, havia experimentado a comunhão fraterna do presbitério - o Concílio deu uma nova dimensão a esta experiência.


5. Quantas pessoas deveria mencionar aqui! O Senhor provavelmente já chamou de volta para ele a maioria dentre elas. Para as que ainda se encontram entre nós, as palavras deste testamento são dirigidas a elas, para todas e em todos os lugares, onde quer que estejam.
Há mais de vinte anos que exerço o serviço de Pedro 'in medio Ecclesiae', e pude contar com a colaboração bondosa e fecunda de tantos cardeais, arcebispos e bispos, tantos padres, tantas pessoas consagradas, Irmãos e Irmãs, e também tantas pessoas leigas, no ambiente da Cúria, no Vicariato da diocese de Roma e em outros lugares.

Como não abraçar com uma memória cheia de gratidão todos os Episcopados do mundo que encontrei durante as visitas 'ad limina Apostolorum'! Como não recordar tantos Irmãos cristãos - não católicos! E o rabino de Roma e tantos representantes das religiões não-cristãs! E quantos representantes do mundo da cultura, da ciência, da política, dos meios de comunicação social!

6. À medida que o limite de minha vida na terra se aproxima, meu espírito volta ao início, a meus pais, ao irmão e à irmã (que eu não conheci porque ela morreu antes de nascer), à paróquia de Wadowice, onde fui batizado, a esta cidade de meu amor, a meus contemporâneos, colegas do primário, do colégio, da universidade até o tempo da ocupação quando eu trabalhava como operário e, depois, à paróquia de Niegowice, a de Saint-Florian na Cracóvia, à pastoral universitária, ao lugar.... a vários lugares ... na Cracóvia e em Roma ... às pessoas que de modo especial me foram confiadas pelo Senhor.

A todos eu digo uma única coisa: 'Deus vos recompense'
'In manus Tuas, Domine, commendo spiritum meum'

Um comentário:

  1. Pela interseção da Bem Aventurada Mãe de Deus,rezemos pela Canonização do Beato João Paulo II. Amém...

    ResponderExcluir